Amor e Exílio – Memórias (1970*, L&PM Pocket, tradução de Lya Luft) de Isaac Bashevis Singer (1904 – Radzymin, Polônia, 1991 – Miami, E.U.A.)
Singer foi um dos grandes escritores do século XX. Laureado em 1978 com o prêmio Nobel de literatura, foi autor de dezoito romances além de diversos artigos, ensaios e contos – com os quais alcançou imensa popularidade. Teve sua obra traduzida em diversos idiomas além de algumas adaptações para o cinema como Yentl (1983) e Inimigos, Uma História De Amor(1989).
Autobiográfico, Amor e Exílio – Memórias, é um livro ímpar. Discorrendo desde sua infância na Polônia até sua imigração para os Estados Unidos, Singer nos prende em suas histórias repletas de considerações críticas e bem humoradas a respeito da vida, pessoas e, principalmente, da religiosidade que inerentemente permeava a vida de qualquer judeu naquelas colônias européias. Seu olhar aguçado, seu senso afinado e sagaz traduzem sua sociedade e seu mundo de forma inigualável e tornam atraentes e atemporais os relatos ali descritos. Singer escreve originalmente em iídiche, língua utilizada pelas colônias hassídicas que habitavam a Europa, mas escreve com tal maestria que sua obra resiste às traduções para o inglês e destas para o português (não sei se a Lia Luft fala iídiche), mantendo sua vivacidade e espírito praticamente intactos.
Um dos pontos que mais me chama a atenção em sua obra é o denso e eterno conflito de Singer com Deus e a religiosidade, e Amor e Exílio – Memórias, não foge à regra. Trazendo a luz reflexões, dúvidas, receios, desconfiança e, muitas vezes, revolta, o autor traduz em palavras sentimentos que, inexprimíveis, assolam a maioria de nós. Tratados com sinceridade, honestidade e humor, tais conflitos são expostos ao mesmo tempo de forma pertinente e edificante. Aliado as suas experiências de vida que nos são apresentadas no decorrer do livro, tais conflitos redundam em diversão, reflexão e nos induzem a processos de aprendizagem do mais alto calibre. Amor e Exílio – Memórias é um livro que nos faz rir, chorar e refletir sobre nossa condição e deveres para com a vida e o próximo.
Se o fizer, boa leitura!
*Meu livro traz duas datas de publicação: 1970 no catálogo e 1984 na biografia de Singer.
David Quartieri
2 comentários:
Gosto muito de ler e este(narrado aqui) achei muito 'instigante, parece ser daquelas leituras que nos prende deixando uma certa ansiedade de ler o capítulo do dia seguinte rs.
Vou ver se encontro por aqui na minha cidade.
Obrigada pela dica!
Se não achar em sua cidade, acha fácil, fácil, na internet.
Abraço e boa leitura!
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